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Mesmo com reajuste, gasolina na refinaria está 30% abaixo do exterior. Entenda os motivos

Conheça a composição do preço do combustível e os motivos para as alterações feitas pela Petrobras não chegarem às bombas
Ramona Ordoñez e Bruno Rosa, O Globo
Com a disparada do câmbio e do barril do petróleo nas últimas semanas, a Petrobras aumentou os preços da gasolina em 12% na última quinta-feira. A alta irritou o presidente Jair Bolsonaro. Mas, mesmo assim, especialistas do setor estimam que a gasolina vendida nas refinarias da Petrobras está em torno de 30% abaixo das cotações internacionais.

De acordo com Adriano Pires, do Centro Brasileiro de InfraEstrutura (CBIE), é natural que a Petrobras não tenha repassado todo o aumento do petróleo e do dólar de uma só vez aos preços no mercado interno. Segundo ele, se isso fosse feito, um aumento muito elevado, acima de 30%, causaria impacto na economia nacional.

— O mercado de petróleo funciona olhando o futuro. Há a expectativa de abertura da economia nos EUA e na Europa. E um dos produtos a aumentar o consumo são os combustíveis. Por isso, o petróleo já chegou a quase US$ 32 o barril — destacou Adriano Pires.

Em abril, o preço da gasolina registrou queda de 9,31% no Brasil, segundo o IBGE, provocando uma deflação de 0,31% no IPCA. Mas, segundo Pires, o movimento pode mudar a partir de maio. Ele acredita que a cotação do petróleo vai continuar acima de US$ 30 o barril, forçando a estatal a anunciar novos reajustes na gasolina e também no diesel.

Entenda o que está acontecendo com os preços em sete perguntas:

O preço da gasolina está defasado no Brasil em relação ao praticado no mercado internacional?
Sim. Os preços da gasolina nas refinarias da Petrobras, apesar do aumento de 12% feito pela companhia no último dia 6 ainda está inferior em torno de 25% a 30% aos preços internacionais. A queda vai depender do porto que importa o produto. De acordo com especialistas, a Petrobras levou um tempo maior para reajustar seus preços, apesar da disparada do câmbio e da ligeira recuperação das cotações de petróleo, porque avaliou que seria difícil fazer um reajuste elevado de 30% de uma só vez no momento atual de crise econômica e forte queda no consumo por conta da quarentena. A expectativa é de que na próxima semana a Petrobras promova novos reajustes tanto para a gasolina como para o diesel se o petróleo continuar na faixa dos US$ 30 o barril.

Quanto o preço da gasolina já caiu no ano e por que a Petrobras decidiu reajustar o combustível nesta semana? Neste ano, o preço da gasolina acumula redução de 46,6% nas refinarias. O litro da gasolina custa em média R$ 1,02 nas refinarias, o menor valor desde setembro de 2005. Na última quinta-feira, a estatal reajustou a gasolina em 12% nas refinarias devido ao aumento do preço do petróleo no mercado internacional. Segundo a Bloomberg, o barril do tipo Brent, usado como referência internacional, viu o preço subir de US$ 19,33, no dia 21 de abril, para US$ 31 no dia 5 de maio, forçando a estatal a reajustar seus preços. A alta do dólar frente ao real é outro motivo para o reajuste. Desde fevereiro, data do último reajuste da gasolina nas refinarias, a moeda americana pulou de R$ 4,39 para R$ 5,70.

Por que o preço do petróleo teve quedas bruscas neste ano e o que explica a recente alta?
O preço do petróleo caiu mais da metade desde o início deste ano. Primeiro, a falta de acordo entre os integrantes da Opep, que reúne os maiores produtores do mundo, e a Rússia, derrubou os preços, com um excesso de oferta sem que houvesse aumento na demanda. Depois, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS), declarou pandemia do coronavírus, o petróleo despencou mais ainda. Na mínima do ano, em 21 de abril, a cotação do Brent chegou a US$ 19,33. Nesta última semana, o preço do petróleo se recuperou, superando os US$ 30, devido às expectativas positivas da retomada da economia com a abertura gradual na Europa e nos Estados Unidos.

Por que a queda de preço nas refinarias não chega com a mesma intensidade às bombas?
Uma das explicações é que os estoques, tanto das distribuidoras quanto dos postos, estão elevados por causa da queda no consumo. Além disso, a parcela da Petrobras na composição do preço final na gasolina é de apenas 18% — que se somam a impostos federais de 18% (Cide, Pis-Confins) e estaduais (ICMS, de 33% em média), além de 11% do custo do etanol anidro que é adicionado à gasolina e de 20% de margem da distribuição e revenda. Ou seja, tem muitos outros elos no caminho da gasolina da refinaria até o posto que influenciam para a composição final de seus preços.

Recentemente, o petróleo chegou a ser negociado a valores negativos. Por quê?
O preço do petróleo tem duas referências internacionais. No dia 20 de março, o barril tipo WTI (West Texas Intermediate), usado nos Estados Unidos, fechou valendo a menos US$ 37,63. Isso aconteceu porque a economia americana reduziu drasticamente seu ritmo de atividade, afetando o consumo de petróleo. Com isso, as empresas de energia estavam com seus estoques cheios de petróleo. E, como os contratos do petróleo WTI exigem entrega física, quem estava com essa obrigação na mão, fez de tudo para se livrar do “problema”, derrubando os preços.

Como a queda de preço dos combustíveis afeta o Caixa da Petrobras?
A redução no preço dos combustíveis afeta em cheio o caixa da companhia, porque essa é uma de suas principais fontes de receita (cerca de 60%). Assim, quanto menor o preço do produto vendido, menor será sua receita.

Por que a queda no preço do diesel é menor que a da gasolina?
Porque são produtos diferentes, com custos diferentes. No caso do diesel, são levados em conta não apenas os preços do petróleo no mercado internacional mas ainda os preços do próprio diesel que variam sazonalmente. No verão do hemisfério norte, por exemplo, seus preços costumam aumentar por conta do maior uso dos automóveis nos Estados Unidos. Atualmente a defasagem do diesel nas refinarias em relação ao mercado internacional é da ordem de 12%.

https://oglobo.globo.com/economia/2270-mesmo-com-reajuste-gasolina-na-refinaria-esta-30-abaixo-do-exterior-entenda-os-motivos-24418113

 

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