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Pandemia mundial, estado de calamidade pública, medidas de isolamento social: conheça as estratégias de sobrevivência dos postos de combustíveis cariocas

Ascom Sindcomb
Passados 20 dias da decretação de pandemia mundial pela Organização Mundial de Saúde (OMS); 10 dias da promulgação de calamidade pública no Estado do Rio de Janeiro, e uma semana da renovação de medidas restritivas pela Prefeitura do Rio, os postos cariocas reforçam as estratégias de emergência para manter os seus estabelecimentos em operação.

Proprietário de uma rede de 11 postos abertos, e com uma equipe de 300 empregados, um revendedor associado suspendeu a inauguração de outras duas unidades, uma em Bangu e outra em Realengo. “Não adianta abrir agora. É prejuízo certo”, constata o empresário, que calcula ter sofrido uma redução de 50% nas vendas de combustíveis no posto da área da Leopoldina, e de 75% nas revendas de Petrópolis, Teresópolis e de Jacarepaguá. “As pessoas sumiram das ruas”, relata. “Vejo a polícia pedindo aos comerciantes que baixem as portas das lojas que ainda funcionam”, diz. “Ninguém sai”.
Já o posto de Botafogo amarga baixas de 50% nas vendas de gasolina, etanol e óleo diesel. A redução de ‘apenas’ 20% no faturamento de sua loja de conveniência se deveu à estratégia de lançar mão do cadastro de clientes para oferecer entregas em casa, sem custo extra.

Empréstimo para pagar salários
O revendedor relatou que precisou levantar crédito no mercado para honrar as obrigações trabalhistas de março, além de colocar patrimônio à venda. Com relação aos empregados, aqueles que trabalhavam em regime de experiência foram dispensados. “Um terço já estão de férias. Quando chegarem, o segundo grupo sairá de férias, e assim sucessivamente”, explicou o varejista, como forma de evitar a dispensa para recontratação quando a situação se normalizar. “Esta tática, porém, penaliza o nosso capital” calcula. Os incentivos anunciados pelo governo na área trabalhista também são aguardados. Todas essas medidas, diz, serão suficientes para suportar mais dois meses neste cenário.

Com movimento risível, a saída é atacar os custos fixos
Esta é a técnica adotada pelo proprietário de um posto em São Cristóvao, um em Vila Isabel e outro no Andaraí. O comerciante identifica uma redução de 85% na demanda de São Cristóvão, posto estrategicamente fixado nas saídas das Linhas Vermelha e Amarela, além de manter contratos de combustíveis com várias empresas do bairro. Nos bairros de Vila Isaebl e Andaraí, o movimento não é diferente. A redução chega a 70%. “O total das vendas é risível”,  diz. A saída para o empresário é atacar os custos fixos – entende-se por mão de obra – e os custos de energia elétrica:
“Temos um contrato de demanda com a distribuidora Light, por energia contratada e consumida. Já protocolei na empresa um documento pleiteando que me cobre somente pela energia efetivamente consumida. Porque, evidentemente, com essa crise, não vamos consumir toda a energia contratada – informou. A Aneel permite uma flutuação de consumo de 5% acima ou abaixo da energia contratada, sem multa pecuniária à Light.
Com relação à mão de obra, o revendedor alterou os turnos dos empregados para o horário de 12 horas trabalhadas por 36 de descanso, e deu férias à metade da equipe, até ter clareza para tomada de decisões.
O varejista relata estar atento às linhas de crédito do Governo, ao banco de horas, à questão da suspensão temporária do contrato de trabalho e à flexibilização do horário de funcionamento. Em São Cristovão, o posto 24 horas passou a funcionar apenas das 7h às 19h. Os outros dois, que abriam das seis às onze da noite, passaram para abrir das 7h às 19h, conforme deliberação da ANP . “Isso reduz o meu custo fixo, como o complemento de 50% do vale-transporte”, observa.

À espera de ajuda da distribuidora
O dono de apenas um posto, com bandeira Shell, localizado no bairro do Recreio dos Bandeirantes, aguarda o apoio já anunciado pela companhia à sua rede varejista. Com vendas de combustíveis 60% menores em março, o contrato de galonagem deverá ser revisto para o mês, acredita ele. “Não tomamos decisão nenhuma até o momento”, relata o empresário, ainda perplexo com o momento.

Contenção é a palavra de ordem
Varejista com um estabelecimento bandeira Ipiranga na Abolição, a empresária associada explica que as contas estão sendo pagas com as vendas de bebidas do depósito que mantém na área do posto. Conta ainda que a distribuidora ofereceu apoio neste momento, mas vê o momento com muita cautela. Deu férias aos empregados mais idosos e manejou os que dependem de transporte público para chegar. “No mês de março conseguimos pagar tudo. Ainda nos prevenimos com alguma reserva de emergência. Mas as coisas mudam tão rapidamente que não adianta fazer projetos” desabafa.
Durante alguns dias, o posto teve o horário de funcionamento reduzido de meia-noite para as 22 horas, mas voltou a abrir por conta da concorrência. Além disso, naquele horário, a venda de bebidas também compensa. “A redução de custos não era significativa, e qualquer bocadinho já ajuda”, conclui. (Kátia Perelberg)

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