O Minaspetro e a Fundação Dom Cabral promoveram uma videoconferência na tarde desta segunda-feira, (27/4), com a participação do presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares; do presidente sindicato mineiro, Carlos Guimarães, e do professor da Fundação, Paulo Resende
O presidente Carlos Guimarães relatou maneiras que está agindo em suas redes de postos, nesses tempos de pandemia: – Primeiro é preciso proteger os empregados da Covid-19. Depois, reduzir o prejuízo operacional. Mais do que adiar pagamentos é preciso diminuir esses pagamentos. Deve-se pensar na redução da frequência do carro-forte, na renegociação do contrato da contabilidade, de publicidade, com a distribuidora, suspender contratos de trabalho e adequar a carga horária. Muitos não conseguirão demitir porque não terão dinheiro para pagar as obrigações. Deve-se evitar empurrar dívidas para frente.
O revendedor mineiro também revelou ter modificado a forma de compra e estoque de combustíveis: Num momento de preços em queda, o varejista deve manter o seu estoque baixo. – Mas, com isso, temos falsa sensação que está sobrando dinheiro, pois o estoque vira caixa. Não é verdade. É preciso manter capital de giro, porque a necessidade desse capital virá em 30, 40 dias.
Carlos Guimarães divulgou uma carta à sociedade na qual demonstra os motivos de os preços dos combustíveis não baixarem nas bombas à mesma proporção que nas refinarias. A partir da composição de custos apresentada, constata-se que o tributo no Estado de Minas registrou alta após as quedas de preços nas refinarias, e alcança atualmente 56% do preço final de revenda.
Paulo Resende, professor da Fundação Dom Cabral, de Minas Gerais, lembrou que no começo deste ano havia uma grande expectativa de crescimento econômico mundial. Com a disseminação do vírus, o isolamento social e barreiras sanitárias provocaram a derrubada da demanda em escala nunca vistas.
Corte de custos como efeito de manada
Na revenda de combustíveis, como em outros setores, o comportamento imediato foi de cortar custos ‘para todo lado’, num efeito ‘de manada irracional’. O professor acredita que essa fase imediatista tenha passado. “A irracionalidade, justificada pelo instinto de sobrevivência, deixou uma cicatriz muito grande, que temos de cuidar agora”, apontou. Resende entende que o varejo entrou agora na fase de demanda volátil. Se o posto estiver localizado no caminho de algum setor essencial, como de alimentos ou de saúde, as perdas serão menores. Já aqueles com piores resultados são os instalados próximos ao consumidor final.
A teoria ensina que duas ações são fundamentais em um ambiente de volatilidade: saber quem vai consumir e o que vai consumir, para planejar a estrutura de custos e gestão de estoques. A hora é de entender o que está acontecendo. A cultura de aproveitar preço em cima de escala, de volume, acabou. É preciso manter os estoques baixos porque os preços vão continuar em queda. Segundo o professor, já é hora de o empresário se preparar para a terceira fase da crise. A retomada da economia começa a ser feita através de flexibilizações pontuais. Nem todas as cidades brasileiras vão seguir o mesmo modelo.
Mapeie o caminho do vírus todos os dias
Siga o mapa do coronavírus e analise o caminho que ele está traçando. Isso é que vai indicar a flexibilização. O tempo é a segunda variável a observar. Alguns locais abrirão antes, outros vão esperar mais. Já a terceira variável é setorial. Construção civil, bens duráveis e indústria flexibilizarão antes que educação, por exemplo, porque naqueles ambientes é mais fácil controlar o vírus. Mas se houver ondas violentas da Covid-19, tudo que teremos é que nos preocupar em sobreviver – concluiu.
Longa estrada até a retomada da normalidade
O presidente da Fecombustíveis trabalha com um caminho mais longo até o que entende ser a retomada do equilíbrio no setor. Paulo Miranda Soares considera fundamental manter capital de giro: protelar pagamento de impostos, colocar emrpegados no seguro desemprego, reduzir horário de funcionamento.
Na defesa da revenda, o líder da categoria listou as sugestões feitas ao Ministério da Economia e acolhidas pela secretaria de Trabalho; aos parlamentares da bancada ligada à revenda que inseriram emendas à Medida Provisória sobre a redução de taxas e devolução em prazos menores dos cartões de crédito. A Federação também levou às distribuidoras dados comparativos com os postos de bandeira branca em que mostram ter dobrado da defasagem de preços após a pandemia. Paulo Miranda acrescentou que esteve com a ANP, com a qual pediu a flexibilização do horário de funcionamento, além do MME e do Ministério da Infraestrutura.
– Sabemos que há excesso de oferta de combustíveis. E, ainda, vamos ter a maior safra da história, com a produção de 39 bilhões de litros de etanol. A indústria petroleira mundial está estocando em navios, refinarias e polidutos. O estados começam a baixar o PMPF e haverá queda no recolhimento do ICMS. Temos que fazer conta diária do volume, das margens. Cobre da sua distribuidora o desconto. Toda semana tem repasse importante. Nós estamos cobrando dos Estados a redução do ICMS. Há que ter esperança. Devemos nos prepararmos para quando começar a flexibilização.
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