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Venda de GNV por quilo dará ‘falsa impressão’ de que combustível ficou mais caro, diz Firjan

RAMONA ORDOÑEZ e STEPHANIE TONDO, O Globo
Receio é que número de conversões dos motores de veículos para gás caia, alerta entidade
RIO – A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) e representantes das indústrias do setor de conversão dos motores para o uso do Gás Natural Veicular (GNV) são contrários à proposta do Inmetro de mudar a medição do combustível de metros cúbicos para quilograma.

De acordo com estudos realizados pela Firjan em conjunto com o Sindirepa, sindicato que reúne as indústrias de reparação automotiva em veículos, a mudança, além de não reduzir os riscos de fraudes, alegados pelo Inmetro, vai dar a percepção errada para o consumidor de que o GNV ficou mais caro, o que poderá provocar uma forte redução na conversão dos veículos para o uso do combustível.

Thiago Valejo Rodrigues , coordenador de conteúdo estratégico de Óleo e Gás da Firjan,explicou que ao ser vendido por quilo, o GNV vai parecer ao consumidor que está custando mais caro por conta da densidade. Por ser muito leve, quando o gás é transformado para quilos, é preciso mais gás para ocupar o peso. Cada 1,3 metro cúbico corresponde a um quilo.

Segundo o executivo, não faz sentido que toda cadeia de produção do GNV seja medido em metros cúbicos e na ponta da venda, passe a ser medido em quilogramas. Em sua proposta, já encaminhada ao Inmetro, a Firjan propõe que, se uma mudança for necessária, que seja feita então para litros, como já acontece nos Estados Unidos.

Mesmo valor para encher o tanque
1,3 m 3 = 1 kg de GNV
Preço por quilo será maior, mas o do cilindro cheio não muda
EXEMPLO: CILINDRO COM CAPACIDADE DE 15 M3 DE GNV = 11,5 KG DE GNV
ATUAL NOVA VEJA A CONTA (1 m) (1 kg) 3
SIMULAÇÃO 
Preço médio do GNV
R$ 3,199 – R$ 4,159
Unidade comprada
15 m – 11,5 kg

R$ 47,98 – R$ 47,98 – Preço gasto 
Fonte: Inmetro

Pelos argumentos apresentados pela Firjan, existe o receio de que com a mudança para quilo na medição do GNN, o consumidor, ao ter a percepção de que o produto está custando mais caro, acabe não fazendo a conversão.

– O consumidor final não tem essa informação da eficiência energética do gás na bomba, e aí as conversões vão cair muito – explicou Celso Mattos, presidente do Sindirepa.

A mudança em si não trará qualquer problemas ou custos adicionais para os consumidores, mas apenas a percepção de que está pagando mais caro. Segundo os dois executivos, o GVN tem uma eficiência energética maior de cerca de 24% em relação à gasolina e de 30% para o etanol.

Assim como o GNV rende mais que a gasolina ou o etanol, seria mais positivo que se tiver que fazer a mudança, que o produto passe a ser medido por litro também.

– Isso significa dizer que com um metro cúbico de GNV o carro percorre mais quilômetros do que com um litro de gasolina. O GNV é mais eficiente energeticamente. Por isso, o preço na bomba cairia se a medida passasse para litros – explicou Thiago Rodrigues. – A grande questão que o Inmetro utiliza para fazer essa alteração é de que vai reduzir a fraude. E a grande questão é, que não importa qual que seja a alteração feita, a fraude vai continuar.

– O que tem que se fazer é aprimorar o método da fiscalização – ressaltou Celso Mattos. – A mudança aparente nos preços ao consumidor, que vai fazer parecer que o produto está 35% mais caro, vai afastar o consumidor do GNV, causando um prejuízo para as indústrias – ressaltou Thiago.

A mudança da medição do GNV de metro cúbico para quilograma está em consulta pública até meados do próximo mês. A Firjan além de ter entregue seus estudos ao Inmetro, vai apresentar suas sugestões na consulta pública também.

Campanhas educativas
O diretor de metrologia legal do Inmetro, Marcos Trevisan, explicou que como cada quilo de GNV tem 30% mais gás que um metro cúbico, o valor cobrado nos postos aumentará proporcionalmente.

Por exemplo, se o valor do metro cúbico é de R$ 3,199, o preço cobrado pelo quilo do GNV será de R$ 4,159. Mas para encher um cilindro de 15 metros cúbicos o motorista precisará de apenas 11,5 quilos de gás. Dessa forma, o preço continuará o mesmo, de R$ 47,98, para ambos os casos.

Apesar disso, Trevisan reconheceu que serão necessárias campanhas educativas para que, ao ver o preço do gás mais caro na entrada dos postos de gasolina, o consumidor não ache que está, efetivamente, pagando mais.

– Estamos fazendo uma campanha para esclarecer as vantagens dessa mudança e mostrar que embora aparentemente o preço fique mais alto, isso não representa um aumento no valor pago no abastecimento.

A proposta de mudança tem como principal objetivo regulamentar esse setor. Hoje, as bombas de GNV dos postos não possuem certificado do Inmetro. O gás vendido para uso automotivo é comercializado em pressões elevadas, e armazenados em bombas que possuem medidor em massa, ou seja, quilos.

Para que seja calculado o valor por metro cúbico, esses medidores precisam ser ajustados. Como quem faz esse ajuste são as próprias distribuidoras, o Inmetro alega que a comercialização fica mais suscetível a fraudes.

— Se eu tiver um dispenser (bomba) que mede em massa, não preciso mais fazer ajustes, e isso reduz a possibilidade de fraudes — aponta Trevisan.

https://oglobo.globo.com/economia/venda-de-gnv-por-quilo-dara-falsa-impressao-de-que-combustivel-ficou-mais-caro-diz-firjan-1-24216075

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