ROBERTA DE SOUZA, O Globo
A Polícia Civil do Rio investiga a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC) no setor de combustíveis do estado. Nesta segunda-feira, equipes da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) interditaram dois postos — um em Cascadura, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e outro em São Gonçalo, na Região Metropolitana — por funcionarem sem licença da ANP (Agência Nacional do Petróleo) e venderem combustíveis adulterados. A polícia suspeita que os estabelecimentos façam parte de um esquema utilizado pelo PCC para lavar dinheiro e expandir suas operações no estado.
Segundo a polícia, o setor atrai a facção por movimentar grandes quantias em dinheiro vivo, o que facilita a lavagem. Além disso, é um ramo com histórico de evasão fiscal, falsificação de notas e adulteração de produtos, marcado por concorrência desleal, que enfraquece empresas legalizadas e contribui para a consolidação de monopólios ligados ao crime.
A DDSD informou que os postos foram interditados e lacrados, e que os funcionários foram conduzidos para prestar depoimento. A investigação também busca identificar os responsáveis diretos, eventuais laranjas, cúmplices e financiadores, além de mapear postos já dominados ou em processo de aquisição pelo crime organizado.
— Estamos acompanhado com atenção a movimentação de facções criminosas interessadas na aquisição e operação de postos de combustíveis no Estado do Rio de Janeiro, em especial a atuação do Primeiro Comando da Capital (PCC). Essa prática tem se mostrado uma estratégia sofisticada de lavagem de dinheiro, com o objetivo de conferir aparência lícita a recursos oriundos do tráfico de drogas, extorsões e outros delitos patrimoniais — explicou o delegado Pedro Brasil.
Segundo ele, a facção está adquirindo postos de gasolina situados em pontos estratégicos da Região Metropolitana e do interior do Estado, e manipulando volume de vendas e movimentações financeiras para dificultar o rastreamento dos ativos.
A operação deflagrada nesta segunda-feira foi batizada de Espectro, em alusão à “forma silenciosa e sorrateira com que o crime organizado se infiltra em setores estratégicos da economia”, segundo a polícia.
Ligue para nós
55 21 3544-6444
Email
sindcomb@sindcomb.org.br