Associação de investidores pede que MPF investigue supostos crimes em caso dos CRIs do prédio da Vibra

RENNAN SETTI, O Globo
A Abradin (Associação Brasileira de Investidores) enviou uma notícia-crime ao Ministério Público Federal (MPF) para apuração de supostos crimes que teriam sido cometidos no caso dos CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) emitidos para a construção do edifício-sede da Vibra, no Centro do Rio.

Como já relatado pela coluna, o prédio na Cidade Nova foi construído para a então BR Distribuidora pela Confidere, que emitiu CRIs para captar recursos junto a investidores e viabilizar o projeto. O contrato previa que a distribuidora de energia ocuparia o prédio como locatária até 2031.

Após a privatização, a agora Vibra questionou o valor do aluguel em arbitragem e, paralelamente, a Confidere enfrentou problemas financeiros e foi alvo de execuções judiciais. Quando o prédio entrou em leilão, meses atrás, a própria Vibra arrematou o imóvel e, imediatamente, deixou de pagar o aluguel, uma vez que se tornou dona do empreendimento. No entanto, a decisão revoltou os investidores dos CRIs, cujo fluxo de rendimentos dependia do pagamento do aluguel, e que argumentavam que contratos desse tipo não poderiam ser anulados, mesmo que a locatária se tornasse proprietária do imóvel.

De acordo com a Abradin, os investidores foram vítimas de crimes contra o sistema financeiro e a economia popular, que permitiram a penhora do prédio e a interrupção do fluxo de pagamentos.

Para a associação, os responsáveis seriam Paulo Mancuso Tupinambá — sócio da Confidere — “e outros ainda não identificados”. Segundo a associação, essas pessoas “supostamente se utilizaram de pessoas jurídicas” de diversas empresas envolvidas no caso — incluindo as securitizadoras dos CRIs e a distribuidora de combustíveis — para cometer irregularidades contra os investidores.

— Para o Brasil ter um mercado de capitais que cumpra sua função econômica, é essencial que esse tipo de crime contra investidores e a economia popular seja exemplar e pedagogicamente punido — disse à coluna Aurélio Valporto, presidente da Abradin.

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