Sem poder comprar postos, Ipiranga adquire rede via Ultrapar

DIEGO FÉLIX e JÚLIO WIZIACK, FolhaSP
Dona da distribuidora de combustíveis pagou R$ 130 MI por 49 postos do Pão de Açúcar. Distribuidores de combustíveis cogitam ir ao Cade contra a compra de postos pela Ultrapar, dona da Ipiranga.

Reservadamente, elas afirmam que recorrerão não porque acham que o negócio aumenta a concentração, mas pela forma como foi realizado – um jeitinho para evitar a reprovação pela ANP.

Isso porque a legislação vigente do setor impede que uma distribuidora compre postos.

No fim de junho, a Ultrapar, empres que controla os demais negócios do grupo, anunciou a compra de 49 postos do Grupo Pão de Açúcar em SP por R$ 130 MI.

No comunicado, o grupo informou que, caso a operação seja aprovada pelo Cade, os postos adquiridos serão incorporados à rede Ipiranga, braço de distribuição de combustíveis que hoje conta com cerca de 6 mil postos.

Técnicos do Cade que avaliam a aquisição nomomento consideram que nada podem fazer. Afirmam que a análise será realizada do ponto de vista da concorrência. Mesmo que houvesse concentração de mercado, remédios seriam propostos para que tivesse o aval necessário.

A ANP informa que a regra impede que um distribuidor seja sócio de posto revendendor, mas essa norma “se aplica apenas às pessoas jurídicas com CNPJ autorizado para distribuição de combustíveis”.

Consultada, a Ultrapar disse que a assinatura para aquisição da operação dos 49 postos do GPA ocorreu por meio do Centro de Conveniências Millenium Ltda., sua subsidiária, e seguiu os ritos da ANP.

Afirmou também que operações deste tipo, em que a distribuidora não é controladora direta de postos revendedores da mesma estrutura acionária, são comuns no mercado e adotada por outros grupos econômicos.
https://www1.folha.uol.com.br/colunas/painelsa/2024/07/sem-poder-comprar-postos-ipiranga-adquire-rede-via-ultrapar.shtml