Produção e instalação de kits GNV cresce junto com a retomada da economia
28.nov.2020 à 1h43
EDUARDO SODRÉ, FolhaSP
Após um período forte de retração, as empresas que produzem e instalam kits automotivos de GNV (gás natural veicular) voltam a registrar crescimento nas conversões.
É mais um indicativo da retomada econômica, apesar dos tropeços.
Depois de passar meses sem produzir devido à pandemia, a fabricante de cilindros MAT tem registrado crescimento. Foram produzidos 4.000 componentes em outubro, número que deve subir 20% em novembro e chegar a 5.800 unidades em dezembro.
Carros movidos a GNV são, em geral, utilizados por taxistas e motoristas de aplicativo. Em alguns estados, como no Rio de Janeiro, a redução do gasto com combustível e os benefícios tributários compensam o maior desgaste do automóvel.
Fiat Siena segue na ativa e ganha alguns retoques leve
Em novembro, o preço médio do litro da gasolina comum no mercado nacional está em R$ 4,40. O metro cúbico do gás natural veicular custa, em média, R$ 2,97. Os dados são da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Em um teste pelo trânsito urbano de São Paulo, um Grand Siena equipado com kit GNV homologado pela Fiat percorreu, em média, 8,5 quilômetros consumindo um metro cúbico de GNV, o que equivale a R$ 0,34 por km rodado.
Com um litro de gasolina, foi possível rodar aproximadamente 11 quilômetros na mesma condição, o que significa um custo de R$ 0,40 por km percorrido.
A vantagem do GNV foi similar na comparação de consumo com etanol –o Siena pode rodar com os três combustíveis. Com álcool no tanque, o Fiat fez a média de 8,2 km/l na cidade a um custo de R$ 0,38 por litro.
O kit usado no Siena é o de quinta geração, tem injeção multiponto de GNV e custa entre R$ 4.500 e R$ 5.000.
O porta-malas fica comprometido pelos dois cilindros de 7,5 m³ cada e há uma queda perceptível no desempenho. O motor 1.4 Fire flex (88 cv) perde cerca de 10% da potência quando está queimando gás.
No passado, outros modelos chegaram a ser vendidos com equipamentos homologados pelas montadoras. O sistema de GNV com garantia de fábrica já esteve disponível para modelos como Chevrolet Astra, Ford Ranger e Volkswagen Santana. O uso profissional sempre foi o foco.
Hoje, além da Fiat, a Toyota também oferece preparação para instalação do gás no sedã Etios.
O gás natural surge agora como alternativa para o transporte de cargas.
A Scania produz caminhões rodoviários movidos a GNV. Empresas como a Pepsico, a Citrosuco e a Friboi já utilizam esses modelos em suas frotas. De acordo com a fabricante, há redução de 15% nas emissões de gás carbônico quando comparado a um caminhão de mesmo porte movido a diesel.
O gás natural é também uma alternativa menos poluente em comparação à gasolina, mas os custos envolvidos só se justificam para quem roda muito por ano e, no caso dos carros de passeio, pode renunciar ao espaço no porta-malas. O uso profissional é, de fato, o mais indicado.
Eduardo Sodré, Jornalista especializado no setor automotivo.
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