RIO – O furto de combustível de um duto da Petrobras no começo do ano, em Japeri, na Baixada Fluminense, fez com que a Polícia Civil descobrisse uma rede de criminosos que tinha como alvos os poços da empresa em diversos municípios do Rio. O bando utilizava vários meios para driblar a polícia e fiscais. Na manhã desta quarta-feira, a Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) faz a operação Baú para desarticular a quadrilha que, em pouco menos de nove meses, causou prejuízo de mais de R$ 1 milhão à Petrobras. A quadrilha usava até batedores no transporte do material furtado.
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Ao todo estão sendo cumpridos sete mandados de prisão contra a organização criminosa. Até agora, seis suspeitos foram presos. Um dos alvos, Wagner Rodrigues, morador da Mangueirinha, em Duque de Caxias, chegou a fazer a própria família refém durante o cumprimento de mandado de prisão. Com o suspeito, os agentes aprenderam um revólver 38.
Segundo o delegado André Rosa Leiras, titular da DDSD, pelo menos três perfurações foram feitas pelo bando nos últimos meses. Para o crime, o grupo escavava os dutos e colocava uma espécie de bica para roubar a gasolina.
— Era (uma quadrilha) especializada em roubar dutos subterrâneos. É uma manobra arriscada para as pessoas e para o meio ambiente. Eles tentavam de toda forma ludibriar as investigações. Para fazer um transporte do combustível, adaptaram tanques plásticos em um caminhão-baú, o que é irregular e perigoso para burlar. Por usarem um caminhão-baú e ter olheiros, eles passavam batidos. Membros da organização iam na frente para garantir o traslado, avisando de possíveis blitzes ou fiscalizações — disse Leiras.
Segundo o delegado, “o prejuízo é grande para a Petrobras, já que tem uma interrupção momentânea do fluxo dos dutos e o gasto com a troca do material. Nessa investigação, não ficou comprovado a participação de funcionários da Petrobras.
— Essa organização não contava com nenhum colaborar da Petrobras. Eles tinham modos para fazer isso de forma independente. Outras organizações também são investigadas. É importante ressaltar: a Polícia Civil está atenta aos que furtam — todos estão mapeados, mas buscamos identificar os receptores.
Grupo usava batedores
Ao longo de nove meses, os investigadores descobriram que, durante a perfuração dos dutos da Petrobras em Japeri, bandidos armados protegiam a operação de retirada dos combustíveis. O esquema de segurança da quadrilha incluía até batedores, que vinham à frente do caminhão com o material furtado, para avisar sobre a presença de policiais na estrada. A investigação aponta que todos os envolvidos tinham um papel específico e tinham peso igual na hierarquia da quadrilha.
Os investigadores cumprem mandados de prisão em Japeri e também em Duque de Caxias, municípios da Baixada Fluminense, além de Itaguaí, na Região Metropolitana.
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O inquérito da Polícia Civil diz que, além do prejuízo financeiro, somam-se relevantes danos ambientais, “como derramamento de petróleo no solo e risco de explosão, colocando em risco de morte um grande número de pessoas; e de graves problemas operacionais, como a paralisação do fluxo do transporte de combustível e a necessidade de realização de obras para a recomposição dos dutos”.
Segundo a Polícia, o grupo furtava gasolina tipo A, a mais pura, que era tratada e revendida para postos sem bandeira.
De acordo com a Petrobras, só no primeiro semestre deste ano a empresa já registrou sete furtos de combustível em seus dutos, a maioria na Baixada Fluminense. Em 2019, foram 40 registros de furtos. Em 2018, foram 69 ocorrências e, em 2017, foram 95.