Ascom SINDCOMB
Pandemia, recessão, crise econômica, crise energética: conheça a visão dos consultores Adriano Pires (CBIE) e o David Zylbersztajn (DZ Consultoria), convidados para a videoconferência organizada nesta segunda-feira (4/5) pela FGV Energia e agência EPBR. Os especialistas deram suas visões sobre setor de petróleo em tempos de coronavírus.
O mundo ficou de cabeça para baixo
Segundo o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura e Economia (CBIE), Adriano Pires, a teoria econômica clássica sofreu um nó nesta crise. Ao invés de a redução no preço do barril do petróleo – provocada pela briga entre a Arábia Saudita e a Rússia – fazer com que a demanda explodisse, aconteceu exatamente o contrário, com a queda no consumo em igual ou maior proporção. Uma inesperada quarentena, única forma de se combater a Covid-19 até o momento, isolou as pessoas, fechou as fábricas e abalou o consumo mundial. E a queda de demanda paralela à queda dos preços resultou no freio sobre a produção do petróleo.
O economista acredita que o preço mais barato do petróleo vai estimular consumo de pessoas e de empresas, no momento pós-crise. “Mas, no geral, só vejo dois ganhadores – a China, porque é grande consumidor e terá óleo barato, e os donos de estoques de petróleo.”
Vivemos um anti-choque do petróleo
Já David Zylbersztajn lembrou que, no choque do petróleo de 1973, e no racionamento da energia elétrica, em 2001, as crises focavam um segmento específico, com direção muito bem caracterizada e soluções visíveis a adotar. O ex-diretor-geral da ANP considera a situação atual análoga às guerras. “Temos a infeliz coincidência da guerra de preços associada a um corte de demanda, sem ter nada a ver com preço. Neste momento, mesmo que o petróleo caia a US$ 3, não haverá aumento de demanda. Nos próximos dois ou três meses, o quadro só tende a piorar no segmento do petróleo. A médio prazo vai haver mudança estrutural de preços”, calcula o engenheiro.
Darwinismo no setor
Pires prevê que haverá ‘uma espécie de darwinismo’, no qual as empresas mais alavancadas vão sofrer mais, e aquelas com mais liquidez passarão melhores pela crise, com as pequenas desaparecendo ou sendo engolidas pelas majors. O consultor considera que globalização vai sofrer um baque, que a cartilha do liberalismo vai ficar na gaveta e que a interdempendência mundial vai reduzir, com os países valorizando os seus próprios recursos. Porque, nas incertezas, as economias investem no que se tem. Neste cenário, o economista defende que o Brasil não pode abrir mão do protagonismo em biocombustíveis.
Uma nova era
Os consultores concordam que mundo vai passar por uma destruição criativa. Setores desaparecerão ou terão peso muito menor na economia, outros vão ascender. A plataforma Zoom, por exemplo, vale hoje 50% a mais que todo valor das empresas aéreas americanas. A China não será mais a fábrica do mundo, pois neste momento não consegue vender sequer máscaras contra o novo coronavírus a preços competitivos. No setor de energia haverá matrizes cada vez mais diversificadas e energias cada vez mais limpas. Segundo os especialistas, estamos vivendo uma aceleração da transição energética e o pós-corona dirá que, se não cuidarmos da crise sanitária, teremos a Covid-20.
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