Webinar FGV Energia em Foco
O cenário energético nacional e a pandemia do Covid-19: O Governo e o Futuro
A pandemia da Covid-19 lançou um trauma macroeconômico sem precedentes no mundo, criando um cenário de incerteza para todos os setores, em especial o energético. A indústria de petróleo foi uma das que mais estão sofrendo. Mas os líderes têm perspectivas otimistas.
A Fundação Getúlio Vargas Energia promoveu, na tarde desta quarta-feira, a videoconferência “Energia em Foco: O Cenário Energético Nacional e a Pandemia da Covid-19 – o Governo e o Futuro”. Os debatedores foram o ministro das Minas e Energia, Almirante Bento Albuquerque; o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco; e o presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior.
O ministro Bento Albuquerque vislumbra esse momento com certa tranquilidade. O ministério, destacou, baixou portarias criando comitês de crises setoriais no setor de energia, que procuram ter unidade nas tomadas de decisão. O diálogo e a transparência com que as decisões vão ser tomadas é um marco, disse. – Uma das oportunidades que a crise proporciona é o aperfeiçoamento de marcos legais e a eliminação de posições equivocadas.
O mundo não se preparou
– Neste século tivemos 1.300 surtos epidêmicos. Apesar de alguns alertas, o mundo não se preparou para isso. Não conhecemos a dinâmica da epidemiologia do vírus nem quanto tempo vai durar. Ninguém sabe se vai existir a segunda ou terceira ondas da Covid-19, a exemplo de outras epidemias. Em outras crises havia uma certa assincronia, com velocidades diferentes, em regiões diferentes. Nesta pandemia, 170 países estão ao mesmo tempo em recessão. Não desenvolvemos vacina ainda. Não conhecemos a terapêutica. A única arma é o distanciamento social. Isso tudo cria custos econômicos muito elevados – dissertou o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.
Segundo o executivo, o setor de energia foi o que mais se desvalorizou, com profunda contração da demanda e depressão histórica dos preços do petróleo. A grande contração do mercado no Brasil provocou uma retração de 60% no consumo de gasolina, e 40% no de óleo diesel. – Nos preparamos no ano passado para conviver em um ambiente do petróleo a US$ 40 o barril. Mas o choque que foi muito mais profundo do que imaginávamos. Estamos perseguindo o objetivo de conviver com o cenário de US$ 25. Reduzimos produção sem realizar demissões. Temos procurado fazer o máximo para salvar empregos e manter as operações . O mundo pós covid 19 será com uma normalidade diferente do que é hoje. Somos otimistas, temos coragem de enfrentar a crise a vamos vencer. Sobre o acordo firmado entre a Rússia e a OPEP, Castello Branco disse não acreditar no poder do cartel. – Em boa parte do tempo os acordos da OPEP não são obedecidos . Quem fiscaliza e pune o não cumprimento dos acordos? – indagou.
O presidente da companhia destacou o que considera proatividade do governo brasileiro, ao disponibilizar recursos para amortecer o efeito da crise.
Mensagem aos acionistas
Castello Branco acredita que se a doença viesse em 2016, a Petrobras seria um paciente com várias comorbidades. O executivo garantiu que a empresa está respondendo rapidamente às demandas e construindo um bolsão de liquidez para vencer este ano sob o pior cenário possível, ainda mais com a competição de outras fontes de geração de energia. A melhor forma de enfrentar os competidores, acredita o executivo, é ter custos mais baixo. A solução, afirma, está em cuidar do curto prazo e construir o longo prazo para gerar valor ao acionista. – Todos os projetos de pesquisa estão preservados. O PDI se mantém intacto. Os mesmos ativos serão vendidos, talvez com algum atraso.
Longe dos biocombustíveis
A Petrobras está focando os seus investimentos na E&P para aproveitar a riqueza existente no país, a expertise, o conhecimento e a tecnologia, defendeu o técnico. – Decidimos não entrar profundamente num negócio que não conhecemos. Já perdemos muito dinheiro com isso. Reduzimos a emissão de gases de carbono e metano, aumentamos a capacidade de captura de carbono e investimos em pesquisas sobre renováveis. Só entraremos na área de biocombustíveis quando julgarmos que temos capacidade, com o conhecimento adquirido através de pesquisa e investimentos. Muitas empresas ecológicas têm níveis de emissão muito maiores que a Petrobras, a segunda melhor do mundo em emissões por produção de petróleo. Sou otimista. Temos que nos preparar para a retomada e trabalhar pelo crescimento do Brasil.
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