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No acumulado do ano os preços da gasolina nas refinarias já tiveram uma redução acumulada de 40%. Atualmente, está no menor patamar dos últimos nove anos.
Mas, nas bombas, a gasolina teve uma tímida redução de 2,03% de janeiro até agora.
De acordo com a pesquisa de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP), na semana passada a gasolina estava sendo vendida a R$ 4,486 o litro, em média, no Brasil, contra R$ 4,579 em janeiro deste ano.
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No Estado do Rio de Janeiro a redução foi menor ainda nos postos, com a gasolina sendo vendida a R$ 5,012 por litro na semana passada , contra R$ 5,041 em janeiro.
De acordo com a Petrobras, com a redução de 15% a partir desta quarta, o preço médio da gasolina nas refinarias passará a ser R$ 1,14 por litro. Esse é o menor preço cobrado pela Petrobras desde 31 de outubro de 2011. “A Petrobras espera que este movimento nos preços se reflita, no curto prazo, na redução do preço final cobrado ao consumidor”, afirma a Petrobras.
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O especialista Adriano Pires Rodrigues explica que é preciso levar em conta algumas questões importantes, como o fato de a forte redução de 15%, resultando num acumulado de 40% no ano, só ter entrado em vigor nesta quarta-feira. Como a demanda está em queda por conta da crise do coronavírus, leva tempo para que a gasolina mais barata chegue aos postos.
– O giro dos estoques aumentou muito com a queda das abrupta das vendas. O que levava 15 dias para girar e chegar na ponta agora vai levar 30 dias ou mais, dado que as vendas caíram já 50%. E devem cair mais – ressaltou Adriano Pires.
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Ele lembra ainda que a parcela da refinaria representa 29,9% do preço total da gasolina, que tem outros componentes. A carga de impostos chega a cerca de 45%. Além disso, o custo com a adição do etanol anidro representa 13,5% do preço total da gasolina.
lan Arbetman, analista da Ativa Investimentos também destaca que são vários fatores que fazem com que os preços nas bombas demorem a refletir a redução de preços nas refinarias da Petrobras.
O executivo destacou que um dos fatores que certamente estão pesando para não ter uma redução maior de preços são os elevados estoques por conta da queda do consumo que vem ocorrendo nos últimos meses e vai se agravar mais ainda com o confinamento das pessoas por conta do coronavírus.
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Para Arbetman, o etanol anidro misturado na proporção de 27% na gasolina também influencia, além dos impostos, principalmente o ICMS, imposto estadual que incide sobre os combustíveis e é uma das principais fontes de receita dos estados.
O analista acredita ainda que, já por conta da crise econômica que o país atravessava antes mesmo da pandemia, as empresas estejam retendo uma parte da queda do preço nas refinarias para aumentar a margem de lucro, como forma de compensar custos fixos diante de menos vendas.
– É um conjunto de fatores que fazem com que os preços nas bombas não tenham uma redução maior. Principalmente a questão do ICMS e a mistura do etanol. Além disso, tem a questão dos estoques, como também a retenção de lucro excedente. O empresário vê o volume de vendas mais fraco. Então, no pouco que ele vende, não tem como abrir mão do quanto ganha. É como se fosse uma espécie de subsistência – afirmou lan Arbetman.
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De acordo com cálculos feitos pelo consultor da área de distribuição de combustíveis Dietmar Schupp, a pedido do GLOBO, das variações ocorridas no ano nos itens que compõem os preços da gasolina, as únicas parcelas que tiveram aumentos de preços foram o ICMS, com alta média de 0,5%, e a margem dos postos revendedores, que aumentou 9,3%, passando de 0,45 por litro para R$ 0,49 em março, em média.
A presidente do Sinicomb, sindicato que reúne os postos do Rio de Janeiro, Maria Aparecida Siuffo, argumenta que os postos não têm como repassar integralmente as reduções de preços devido à queda das vendas e ao item que mais pesa, principalmente no Estado do Rio: a alíquota de 34% do ICMS, o mais caro do país.
– Eu não acredito que algum revendedor, no meio desta crise que estamos passando, esteja segurando qualquer repasse das distribuidoras. O posto compra um volume fixado com antecedência, paga à vista. Com a queda tão grande nas vendas de mais de 20% que já vinha acontecendo, e que deve aumentar mais ainda agora, não tem como segurar preços – ressaltou Maria Aparecida.