Marcelo Loureiro, O Globo
07/01/2020 • 19:05
A sugestão do presidente de interferir no preço dos combustíveis em caso de alta do petróleo traria efeitos também no mercado de etanol. Concorrente da gasolina, o setor prepara investimentos de R$ 400 bilhões até 2030 para cumprir os objetivos do RenovaBio, programa do próprio governo federal para expansão da produção de biocombustíveis. Não é hora do fantasma da intervenção reaparecer, alerta Antonio de Padua Rodrigues, direto técnico da Unica, união que representa a indústria da cana.
Entre 2008 e 2014, o segmento perdeu mais de 100 unidades de produção de etanol. Era o efeito colateral da política de preços dos governos do PT. Impostos sobre a gasolina foram zerados. O valor do litro nas refinarias ficou congelado enquanto o barril de petróleo chegou à casa dos US$ 100.
— O risco de interferência é um desestímulo. Mas prefiro acreditar que o governo sabe o que está fazendo. Já se entende o que a intervenção no preço da gasolina gera. Se o etanol perde competitividade, isso atinge o fazendeiro, o industrial, o fornecedor de peças, a concessionária de trator, o comércio de fertilizantes, o borracheiro. Há regiões inteiras em que a economia gira em torno do etanol — explica Padua.
São esperados a criação de 200 mil empregos diretos e outros 400 mil indiretos com a expansão do RenovaBio. A produção de etanol, pelo projeto, saltaria 50%, para 47 bilhões de litros.
O executivo diz que a previsibilidade é importante para os investimentos. Algo como um fundo para estabilizar as variações do petróleo faria mais sentido que medidas de curto prazo. Uma medida como essa reduziria as incertezas no setor. A cada sugestão de incentivos à gasolina, os produtores de etanol vêem um fantasma.
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