Após os ataques contra instalações da petroleira Saudi Aramco, a maior do mundo, as ações da Petrobras subiram quase 5% nesta segunda-feira. Os papéis ordinários (ON, com direito a voto) e preferenciais (PN, sem direito a voto) avançaram, respectivamente, 4,52% e 4,39%. Mesmo com a alta expressiva da petroleira, as fortes quedas na aviação fizeram com que o Ibovespa, principal índice da B3, fechasse com alta de 0,17%, aos 103.680 pontos.
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— A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e os Estados Unidos, no curto prazo, vão atuar para manter a oferta do produto. A questão é saber até que ponto eles manterão este ritmo. Já observamos a alta superior a 10% no preço do petróleo, então é preciso avaliar com cautela o cenário global para identificar se vai haver ou não uma escalada no preço — destaca Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco Modalmais.
Diante de uma possível alta repentina no preço dos combustíveis derivados do petróleo, as ações das companhias aéreas brasileiras operaram com fortes perdas nesta segunda. Os papéis da Azul recuaram 8,45%, enquanto os da Gol tiveram queda de 7,77%.
As tensões geopolíticas também fizeram com que a Vale operasse em queda. Exportadora de minério de ferro, suas ações tiveram perdas de 2,41%.
Bandeira pontua que, a médio e longo prazos, caso a demanda por petróleo não seja suprida, o câmbio pode ficar desequilibrado. Isso poderia causar uma revisão da atuação dos Bancos Centrais:
— O cenário a curto prazo parece mais tranquilo do que se imaginava. Agora, com um horizonte mais longe, se o câmbio ficar desequilibrado, é possível que as autoridades monetárias revisem suas atuações. Não acredito, porém, que as reuniões dos Bancos Centrais do Brasil e dos EUA, nesta semana, serão influenciadas por esta tensão geopolítica.
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Do lado dos ganhos, junto com a Petrobras, apareceram os papéis da Cielo. A alta de 6,02% foi motivada pela conversa com a Stone, conforme adiantado pelo colunista do GLOBO Lauro Jardim. A expectativa é que a Stone compre a parte do Banco do Brasil na Cielo.
Os ataques fizeram com que o preço do petróleo disparasse no mercado internacional. O barril do tipo Brent fechou com alta de 14,61%, negociado a US$ 69,02. Este foi o maior ganho percentual em um único dia desde 1988.
Por sua vez, o dólar comercial operou em alta, também sendo influenciado pelas tensões geopolíticas causadas pelo ataque na Arábia Saudita. A moeda americana fechou com variação positiva de 0,05%, valendo R$ 4,089.
— A volatilidade no câmbio é motivada pelo ataque na Arábia Saudita. O Brasil segue com inflação ancorada e as expectativas a respeito dos juros na próxima reunião do Copom seguem analteradas. O real acompanha o comportamento ditado pelo exterior — explica Flávio Byron, sócio da Guelt Investimentos.
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O ataque levou temor ao mercado, uma vez que cria-se um ambiente de instabilidade geopolítica. A estimativa dos analistas é de que o ataque à Aramco deve gerar uma perda de produção de 5,7 milhões de barris por dia, o que representa aproximadamente 5% da produção mundial.
No exterior, as Bolsas registram variações negativas. Na Ásia, as quedas também foram influenciadas pelo ataque às instalações sauditas, porém, foram mitigados com as recentes conversas a respeito da guerra comercial entre Pequim e Washington. O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, fechou com queda de 0,4%.
Na Europa, os principais índices caíram em meio às tensões geopolíticas. O índice FTSE 100, referência da bolsa de Londres, fechou em baixa de 0,63%, a 7.321,41 pontos, enquanto o DAX, de Frankfurt, recuou 0,71%, a 12.380,31 pontos, e o CAC 40, de Paris, cedeu 0,94%, a 5.602,23 pontos.
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