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Postos de combustíveis vão se tornando raros nos bairros cariocas

HENRIQUE KOIFMAN, O Globo
O fenômeno não é novo e você provavelmente já passou diante de uma cena como a da foto acima – que fiz ontem, dia 3 de junho, em Laranjeiras. Um posto de gasolina sendo cercado por tapumes e sendo desmontado, para não voltar mais. Não muito distante dali, no Catete, outro grande posto foi fechado há mais de um ano e, aparentemente, o espaço em que estava aguarda a ocupação por outro tipo de negócio – e, provavelmente, uma nova e grande edificação.

Não haver mais postos de combustíveis dentro dos bairros é uma tendência, tem um tanto a ver com as crescentes exigências de segurança e meio ambiente (e isso não é ruim) e com a valorização progressiva dos terrenos, cada vez mais escassos nas área urbanas. Algo que não é exclusividade nossa aqui no Rio, pois está acontece em boa parte das grandes cidades do mundo. Para abastecer os carros, será preciso dirigir até a perferia, uma via expressa ou locais igualmente mais isolados em relação às zonas urbanas mais densas. Isso num primeiro momento, pois com a chamada eletrificação – é, em mais uns 10 ou 15 anos, a maioria dos automóveis será elétrica –, você vai poder abastecer seu carro na tomada e os postos (que sobrarem) terão um perfil ainda mais voltado para os serviços.

O problema é que, em casos como estes das fotos, o posto provavelmente dará lugar a um enorme edifício, com talvez centenas de apartamentos e lojas. Sem que exista infraestrutura (água, esgoto, luz, condições de tráfego) para isso na região, que tem urbanização antiga e defasada – como praticamente toda a cidade do Rio, aliás. A impressão que dá é que se aprovam obras assim (sim, elas precisam ser aprovadas por técnicos da prefeitura) sem a menor visão de planejamento, levando em conta apenas o lucro do incorporador e as taxas a recolher. Daí surge um monte de problemas, que custarão caro à cidade, em recursos e aborrecimentos e pelos quais todos nós, cidadãos, teremos de, “solidariamente” , pagar. A adaptação e o aumento de capacidade de toda essa infraestrutura, claro, deveria vir antes e ser custeado pelo interessado no novo empreendimento, mas…

Quanto ao posto da foto lá em cima, ele se chamava Remon e era onde meu pai costumava abastecer o fusquinha da família, antes de pegarmos o asfalto para viagens ou longos passeios dominicais. Naquele tempo, tinha outra bandeira (Esso, se não me engano). Anos mais tarde, passou a ser, também, o lugar em que eu enchia o tanque dos meus carros e dos que estava testando, também. O outro, na foto abaixo, costumava ser a minha segunda opção, geralmente voltando para casa. Ainda resta, porém um pequeno posto, em uma esquina de Laranjeiras. Quase uma versão comercial daquela aldeia gaulesa do Asterix, cercada de soldados romanos por todos os lados. Por quanto tempo? Certamente vai depender da valorização imobiliária. Assinantes

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